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OBSERVATÓRIO BIOMIMÉTICO PARA PLANTAS TRANSGÊNICAS

A ideia de observatório sempre é associada a grandes escalas astronômicas. Olhar macroscópico, para fora, para longe, para o grande e distante. Paisagens celestes, observadas e estudadas por telescópios. Ou paisagens oceanográficas ou geológicas, como as dos vulcões.
 
Já a ideia do OBSERVATÓRIO BIOMIMÉTICO PARA PLANTAS TRANSGÊNICAS – OBPT – subverte e transforma este conceito tanto no objeto como na mediação. O mundo observado é um mundo interior, espécies vegetais geneticamente modificadas – quimeras – concebidas fora do eixo da evolução natural, contidas em uma membrana semiótica. Arrozal ou tabaco bioluminescente. A planta do arroz é geneticamente modificada por acréscimo de uma GFP (Green fluorescent protein) ao seu código, de modo que expresse luz verde bioluminescente. brilho como informação suspensa no ar. 
 

Diferente de um telescópio, cuja função é basicamente ampliar e corrigir paralaxes, esta membrana é um instrumento semiótico que busca atuar como Realidade Aumentada. Trata-se de uma espécie de membrana sígnica, com design especializado, que acumula funções múltiplas, de visualização, tradução, interpolação de informações e pontos de observação; e especialmente o confinamento das plantas transgênicas bioluminescentes, de modo a impedir a transmissão de informação desses organismos geneticamente modificados em laboratórios para o ambiente externo, sem impedir sua exibição em certames de arte.O design da membrana arquitetônica foi gerado por algoritmos bioinspirados e seguindo, em termos formais, princípios da biomimética, área da ciência cujo objetivo é o estudo das estruturas biológicas e das suas funções, procurando aprender com a Natureza, suas estratégias e soluções, aprimoradas pela seleção natural nos últimos 4,5 bilhões de anos. O design se utiliza desse conhecimento e inteligência em diferentes processos inventivos. Esta é a concepção de um design generativo, método de geração e finalização de imagem, som, arquitetura, animação, que utiliza regras ou algorítmos em programas de computador, cuja essência é biomimética e, portanto de lógica bioinspirada nos processos de orgânica. 

Desta forma é que se pode traçar um paralelo entre a dimensão orgânica do conteúdo – o arroz bioluminescente e a organicidade plástica e funcional do contingente – a membrana arquitetônica que possui características orgânicas e biomiméticas.
Em sua função como realidade aumentada algumas das “células” da membrana, segmentos da superfície multifacetada, temos a projeção de imagens eletrônicas, translúcidas, que apresentam e acrescentam informações não observáveis diretamente, tais como dados metabólicos, imagens da expressão da luz por microscopia eletrônica, dados obtidos em tempo real por nano sensores
(pigmento antena – fotossíntese) etc. 

A membrana arquitetônica contém no seu interior uma cavidade de vidro, espécie de vesícula invertida, que permite ao fruidor um acesso imersivo mantendo o ambiente interno hermético, de um ponto de vista interno ao construto arquitetônico.